Planos terão de cobrir testes genéticos
12 de dezembro de 2013
Um dos exames contemplados é a análise dos genes BRCA1 e BRCA 2, que aumentam o risco de câncer de mama, feita por Angelina Jolie
Fernanda Bassette
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) pública hoje nota técnica com normas para garantir a cobertura de exames genéticos pelos planos de saúde. Um dos exames contemplados é a análise dos genes BRCA 1 e BRCA 2, que aumentam o risco de câncer de mama. A alteração nesses genes foi o que motivou a atriz Angelina Jolie a se submeter a uma dupla mastectomia preventiva (retirada das mamas) no início do ano.
As diretrizes passam a valer no dia 2 de janeiro, junto com o novo roí de procedimentos obrigatórios dos planos de saúde. Ao todo, serão publicadas 22 diretrizes para29 doenças genéricas, entre elas doenças neurológicas, doenças do sangue e alguns tipos de câncer hereditários, como o de ovário, de intestino e de tireoide.
Segundo Karla Coelho, gerente de atenção à saúde da ANS, essas regras não foram anunciadas em outubro junto com o novo rol porque as discussões não estavam concluídas.
A ANS já prevê a obrigatoriedade da cobertura de análise molecular de D NA desde 2008, mas, por falta de diretrizes e até por desconhecimento dos beneficiários, elas raramente eram cumpridas. "A análise molecular de DNA estava prevista de uma forma muito aberta, o que deixava muitas brechas e dúvidas. O que fizemos foi listar os critérios para a cobertura e deixar claro quais são as doenças contempladas", diz Karla.
A realização dos exames genéticos, entretanto, não será tão simples. Eles serão liberados de esgotadas todas as outras tentativas de diagnóstico. A ANS também continuará exigindo que o pedido do exame seja feito por um geneticista. Essa é uma das principais críticas do meio. Segundo a Sociedade Brasileira de Genética Médica (SBGM), há tas no Brasil, concentrados no Sul e Sudeste.
"Por um lado, essa diretriz é boa porque deixa claro em quais situações o paciente terá direito a realizar o exame. Por outro, ela acaba restringindo ainda mais, por limitar as doenças e exigir que o pedido venha de um geneticista", diz Salmo Raskin, representante da SBGM na ANS.
A engenheira Viviane Klein, de 39 anos, precisou ir à Justiça para conseguir que seu plano de saúde pagasse as despesas da dupla mastectomia preventiva, depois que um exame genético pago por conta própria apontou que ela tinha 87% de risco de ter câncer de mama. O plano recusava, alegando que não era de cobertura obrigatória. "Agora, com essas diretrizes, talvez facilite para outras pessoas."
Julius Conforti, advogado especializado em planos de saúde, concorda que exigir que o pedido venha de um geneticista limita a medida. "São poucos médicos geneticistas. Além disso, os consumidores nem sabem que têm esse direito. A medida acaba se tornando inócua."
Fonte: O Estado de S. Paulo
1 Comentário
Faça um comentário construtivo para esse documento.
Todos exames tem custos e todos merecem todos os exames possíveis se indicados, porém o custo como fica? Não é possível custear tudo, tem que haver prioridades. Priorizar leites especiais para crianças necessitadas e carentes, com maior incidência populacional, ou priorizar exames de alto custo e ainda não usados em crivos de medicina preventiva na população geral? É impossível para o Sistema Unificado de Saúde assumir todas as demandas de custos ilimitados. Tem que haver prioridades, necessariamente.
Paulo Vanderlei Lisboa continuar lendo